O Brasil é um dos países mais caros para se ter um carro próprio no mundo

Se desconta a pesada carga fiscal, ou seja, pondo no mesmo nível dos outros quatro países que o relatório compara o preço final do veículo no Brasil continua a ser consideravelmente mais alto do que na maior parte dos países do mundo. Se se considera que um operário Estados Unidos ou o Japão ou a França ganha muito mais do que seu colega brasileiro, a caixa fecha de forma inequívoca: é no lucro da indústria, que reside a diferença.

Há, desde logo, outros aspectos que compõem o preço final de um automóvel vendido no Brasil e do mesmo modelo na Argentina, França, Japão ou Estados Unidos. Um, em especial, chama a atenção. Nos Estados Unidos, o custo de produção de um automóvel (matéria-prima, mão-de-obra, logística, publicidade) significa 88 por cento do preço final. A média mundial indica que esse custo é de 79 por cento. No Brasil, apenas 58 por cento. Ou seja: custa muito menos produzir no Brasil o mesmo veículo produzido nos Estados Unidos, embora o preço aqui seja muito maior. 

No caso dos importados, o quadro se torna ainda mais grave. Um modelo básico do Jeep Cherokee, por exemplo, e sai ao comprador por 89.500 dólares no Brasil. Em Miami, esse dinheiro seria suficiente para comprar três (28 mil dólares cada um) e ainda guardar dinheiro para combustível de um ano.

Um Honda do modelo Fit custa, para um brasileiro, 106% mais que um comprador francês (onde o carro é chamado de Jazz). Um serviço público Nissan Frontier custa, no Brasil, 91% mais que nos Estados Unidos. Se ambos os compradores pagamento do mesmo imposto, mesmo assim, o brasileiro esse carro custaria cerca de 31 por cento a mais.

Estudos indicam que enquanto não existir uma verdadeira disputa pelo mercado interno, e enquanto quatro fabricantes continuem a concentrar 81% do volume comercializado, os estímulos oferecidos pelo governo para os compradores serão, em realidade, estímulos para que a indústria continue ganhando cada vez mais.

E assim, o país é o quarto mercado mundial continuará a ser o principal motor de lucro de uma indústria tão poderosa quanto beneficiada no Brasil.

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